Retorno clássico
Irmão do nosso Willys Interlagos, o Alpine francês que ganhou vida e fama pelo mundo pode voltar à ativa
Por Mauro Salles
Agora me chegou às mãos a revista Berlinette Mag que conta detalhes do cinqüentenário do Alpine, comemorado em 2003 lá mesmo na cidade francesa de Dieppe e valorizado pela presença do grande Jean Redelé, amigo que não vejo há muito anos.
Desde jovem, Redelé foi um sonhador que se distinguiu pela capacidade de concretizar seus sonhos. Como os ingleses da Morris Garage, que inventaram o esportivo MG a partir dos sedãs Morris, ele também acreditava que, com base na mecânica da linha Renault, era possível criar um veículo que oferecesse desempenho de primeira linha aliando o prazer de dirigir a um preço acessível.
Seu Alpine deveria ter desenho original, com estilo sóbrio, raçudo e atemporal. Na Renault, então dirigida por burocratas quadrados e sem inspiração, não deram bola para Redelé. Assim mesmo, ele montou os primeiros Alpine, modelo A106, em 1955. O carro não chegou a fazer sucesso, mas Redelé fez alguns retoques e lançou o A108, com motor Gordini, que foi logo para as pistas dar brilho ao azul mágico dos esportivos que venceram dezenas de provas pelo mundo, inclusive o tradicional Rali de Monte Carlo.
Na época sugeri a Max Pearce - na época presidente da Willys, que aqui fabricava Dauphine e Gordini - que trouxesse o Alpine para o Brasil e montasse uma equipe de competição. Max gostou da idéia e foi ver os azuis de Redelé. Levou Christian Heinz, um dos maiores pilotos brasileiros de todos os tempos. Da viagem resultou uma grande amizade entre Max e Redelé e um projeto para montar em São Paulo uma fábrica de Alpine. Foi aí que eu entrei, criando um nome para a versão nacional das vitoriosas berlinetas. O carro deveria chamar-se Interlagos, em homenagem ao nosso principal autódromo, mesmo porque o Alpine era desconhecido no Brasil. Com o verde-amarelo da equipe Willys, o Interlagos logo dominou nossas pistas. Redelé compareceu à inauguração da fábrica do Interlagos, quando o conversível 001 foi vendido por um valor simbólico a este cronista.
Redelé acabou tendo o apoio do presidente da Renault, que propôs uma parceria com a fábrica Alpine e, para sua surpresa, foi nomeado presidente da então Alpine-Renault. A nova fábrica criou uma berlineta, o A310, que a partir de 1972 começou a tomar o espaço nas pistas que pertencera à família A110. Mesmo assim, poucos anos depois, a Renault descontinuou a linha esportiva, mas o culto ao Alpine continuou reforçado pelo símbolo criado por Redelé, um "A" bonito que até hoje enfeita chaveiros e camisetas.
Agora surge a notícia que Carlos Ghosn, executivo brasileiro que comanda a Renault e a Nissan, anunciou que entre seus planos está a ressurreição da marca Renault-Alpine e que o novo carro continuará fiel aos conceitos de custo e desempenho do projeto inicial. Ele deixou vazar que um modelo A610 com duas opções de motores poderia surgir. Que essa berlineta seja bem-vinda. Outra vez.
http://quatrorodas.abril.com.
Atenciosamente,
Valeu Rui, abs.
Comentários
grande abraço,
Guilherme.
Rui Siqueira
abs
Tô falando que aqui é bom por demais!
Beijos.