MERCEDES W 196 F1

Precisa falar alguma coisa sobre esse carro?
Fico apenas imaginando quando ele apareceu na pista pela primeira vez.
O silêncio, por parte dos donos de equipes...
A surpresa dos mecânicos e projetistas...
A admiração da platéia e dos jornalistas...

Os donos de equipe, enquanto guardavam um silêncio respeitoso,
sentiam um vazio na boca do estômago e encaravam a certeza de que
aquele era um ano perdido para eles, e todo o investimento feito em suas
máquinas já havia sido superado por aquele objeto majestosamente prateado.

Os projetistas, curiosos por natureza, também em silêncio se perguntavam:
o que haveria debaixo daquela pele sensual que esbanjava uma sutil agressividade?
Ah, o que não dariam para desnudar aquelas formas!
Eles descobririam não só a beleza externa, mas que os engenheiros germânicos
aplicaram tecnologia aeronáutica de guerra no motor da besta prateada:
Injeção de combustível, válvulas desmotrônicas e sabe-se lá mais o que!

E o público que assitia a tudo de forma atônita recupera o fôlego e grita como
se fosse final de campeonato de futebol:  FLECHA PRATEADA...

Estão todos loucos com o impacto de tão absurdamente lindo carro que aparece
conduzido pelo maior de todos até então, o argentino Juan Manuel Fangio.

Participaram de 12 embates, conquistaram 9 vitórias.
A sentença daquele campeonato, nos longínquos anos 50 fora decretada no instante
em que a flecha foi lançada, o resto é história.