Sobre o post dos Super Vê, meu amigo e excelente artista gráfico, especializado em autos, Ararê Novaes escreveu:

Excelente "trabalho" Maurício, pra quem entende do assunto sabe a mão de obra que dá detalhar essas artes, parabéns cara!Acho que nascemos no país errado meu irmão, a "cegonha" levou uma rajada de vento quando estava a caminho e mudou de direção, haha...Mas é verdade, nos EUA ou alguns países da Europa estaríamos bem de vida com nossa arte/trabalho, ainda bem não vivemos só disso! Fazemos isso porque amamos a arte automotiva! É um prazer... Se estivéssemos lá no 1º mundo não estaríamos "mendingando" uns trocados e algum espaço na nossa mídia genérica, ainda bem que existem bons samaritanos.Acredito que um dia seremos reconhecidos e nos dado o devido valor. As sementes estão sendo jogadas e espero que seja em solo fértil!É isso!

Daí, decidi responder ao Ararê, e deixei rolar o que viesse na cabeça, ou melhor, do coração. Saiu isso. Leiam e reflitam.

Ararê, vc resumiu os pensamentos que tenho dentro de minha "cachola véia", como se diz lá no meu Goiás.
Nosso país é muito "pobre" culturalmente. As pessoas, em geral, não entendem certas manifestações artísticas como a que fazemos, e tem a tendência de tratarem do assunto com certo desprezo e ignorância.

Mas é isso mesmo, ignorância, ignoram o que seja história, memória, valores, não sabem o que é importante para se construir uma identidade própria.
Quando valorizamos um protótipo como o Fúria, o Kinko, o Heve, ou fórmulas como o Polar, o Fitti-Vê, na verdade, estamos mostrando que, como brasileiros podemos fazer tanto quanto qualquer outro povo.Temos garra, inspiração, qualidade, só não temos auto-estima. Nossa mentalidade é a da senzala, como diria Gilberto Freire. Pensamos pequeno e nos conformamos com isso, afinal, somos brasileirinhos, latinos, o escambau...

Como e quando isso vai mudar? Boa pergunta. Mas não sei a resposta. Talvez quando esse pais se levantar de seu berço explêndido e se pergunar que raio de país é esse, que bajula um campeão para depois esquecê-lo, como foi com Chico Landi e outros. E principalmente ignora totalmente quem é segundo ou terceiro colocado numa disputa qualquer, se esquecendo que existe toda uma história de preparação, superação e conquistas pessoais que levam um competidor a se alinhar para uma competição; seja a motor ou não.
Competir já é uma vitória, ser o primeiro é a glória, mas entrar em uma competição já tem seu valor por si só. Qualquer cidadizinha do quiprocó estadunidense tem um museu mostrando até o penico usado por seu fundador, uma estátua para ele e sua casa preservada. Sabe o que é isso? Senso de valor próprio.

Me lembro que após o desaparecimento do Ayrton Senna, a maioria dos autódromos brasileiros passou a levar o nome dele. É uma justa homenagem, claro. Mas sem critério nenhum, descartaram nomes importantes do nosso automobilismo por simples "casuismo", coisa de políticos oportunistas.

Onde fica o autódromo Chico Landi, ou Emerson Fittipaldi, ou José Carlos Pace, ou Luís Pereira Bueno, ou Bird Clemente e tantos outros? Enquanto a visão de nós mesmos não mudar, nunca vamos valorizar aquilo que verdadeiramente é importante, que somos nós e nossa história.

Comentários

Anônimo disse…
Oi Mauricio,
"aqui me tens de regresso" .
Estive fora do ar por algum tempo, por força maior, mas vamos recomeçar a falar de gasolina. Mesmo porque, se eu sarar disto, nao saberia o que fazer.
A temporada dos historicos vai começar no mes que vem (911 pronto) certamente vou te enviar um monte de fotos.
Este ano teremos as provas mais prestigiosas, "Classic Le Mans" "Jim Clark Revival" "Goodwood" Etc.
Sei que no Brasil sao pouco conhecidas e ainda menos faladas, apesar dos esforços que, gaiatos como eu, fazem para informar os amigos e velhos apaixonados do ramo. Aparentemente o desiteresse é total. Claro nao é teu caso.
Bem por ora sò quis refazer o contato e me aguarde em breve.
Parabéns pelo seu novo "look", mas, falta o Sabre he,he,he . Um abraço
M.Pedrazzi
Anônimo disse…
Maurrício,
Me lembro de que uma vez, nosso saudoso Giu Ferreira, testando um carro para a "Motor 3"(fantástica revista juntamente com a "Grand Prix"), escreveu sobre "nosso olhar" sobre carros e pelo automobilismo em geral: "Ah... se vocês pudessem vê-lo com meus olhos...", sinto assim também, incompreendidos que somos.
Uma vez comparei as curvas da Ferrari P4 às de uma bela mulher. Não me arrependo, é como amor, o brilho nos olhos quando vemos a mulher amada! Um verdadeiro orgasmo!
abraços
Mauricio Morais disse…
Bem vindo ao blog Nonno. Você faz muita falta. Sucesso na temporada de 2008. Esperamos as fotos e os textos então.
Mauricio Morais disse…
Paulo, eu me lebro do Giu. A motor 3 foi a primeira revista que assinei. O José Luiz Vieira também passava muita paixão no texto dele. Nós somos apaixonados mesmo, ainda bem, he,he.
Adorei seu blog, também gosto de fotografias, meu maridi coleciona carros .meu blog é marthacorreaonline.blogspot.com
Mauricio Morais disse…
Martha, dei uma passadinha lá em seu blog e fiquei fascinado. Gosto de história, foi meu curso na faculdade e viajei nos mistérios do passado. Belo trabalho de pesquisa.
Anônimo disse…
Olá Maurício, Ararê,e tantos outros artistas, reconheço o esforço para ser um artista no Brasil, pois minha esposa é artista plástica e também sofre!
Mas vamos mudar isto! com esta frase Nós somos os melhores somos bons no que sabemos fazer.

Um abraço a todos,que bom que o nonno está renovado!
Mauricio Morais disse…
É isso aí Joel. Vamos fazer coro: "Artistas unidos, jamais serão vencidos..."